Cuide de você e da sua parceria: sexo sem tabus e com responsabilidade!



Milka Freitas conduziu, diretamente de Maceió, a terceira live do projeto Cidadania Travesti e Transexual**. Com uma trajetória profissional e acadêmica de 12 anos, ela é educadora em saúde sexual e sexualidade, psicóloga, mestranda em psicologia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e empreendedora social com a marca MLKA - Educação Sexual e Sustentabilidade. Milka falou de forma descontraída e didática sobre prevenção, porque segundo ela “o sexo só é gostoso quando a gente se conhece e se cuida". Por isso o tema da live, carregado de pajubá, foi Ploc Ploc com Saúde é Mais Odara. 

A psicóloga é conhecida nas redes como “camisinha influencer” e defende o “sexo gostoso e sem paranóia”. Mas como? Com informação. Milka enfatiza que a informação é a primeira forma de prevenção, visto que o conhecimento gera consciência. Mas e o título de “camisinha influencer”? Isto se dá pela sua atuação na área de educação sexual, ela ressalta que a camisinha é uma barreira de proteção acessível e popular (disponível gratuitamente, junto com gel lubrificante, no SUS). Lembrando que o uso do  preservativo previne o HIV, mas também evita outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). 

E a parte do “sem paranóia” também é o forte de Milka. Ela lembra que ISTs, como sífilis e gonorreia, têm cura e que o HIV tem tratamento. Logo o medo, preconceito e pânico não devem dominar ninguém.  “Se você se colocou em risco ou sofreu alguma violência, espere passar a janela imunológica de 30 dias e faça o teste rápido” explica a professora. 

A importância do conhecimento

A partir da sua experiência profissional e acadêmica, Milka observa que “a galera não sabe o que é HIV e tem medo do que não sabe”. Ou seja, sem informação correta resta apenas preconceito e estigma. “Se você estiver protegido com informação, conhecimento e barreiras de proteção o HIV não te infecta” resume a psicóloga. 

De forma didática, ela esclarece que o HIV é um vírus que ataca o sistema imunológico. HIV é o vírus e AIDS é uma sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a doença acarretada pelo HIV. Todas as pessoas que vivem com HIV têm AIDS? Não. Quem está em tratamento não desenvolve AIDS e não transmite HIV (indetectável = intransmissível). 

Usando a analogia de uma caneta (o corpo), uma tampinha (o HIV) e um papel que cobre a caneta (o sistema imunológico), Milka explica que a combinação de informação com ações práticas (uso de camisinha, PrEP e PEP, etc…) evita que o HIV (a tampinha) penetre e destrua o sistema imunológico (o papel que recobre a caneta). 



Milka evidencia também uma outra forma de infecção pelo HIV, a contaminação vertical. Ela ocorre quando uma pessoa que gesta não realiza corretamente o pré- natal e a criança acaba nascendo com o vírus. Segundo dados do Ministério da Saúde esta é a principal via de infecção pelo HIV na população infantil. No Brasil, essa forma de transmissão tem sido responsável por cerca de 90% dos casos notificados de aids em menores de 13 anos.

Você e a/o outra/o

A professora salienta a necessidade de olhar para si e para o outre, antes de qualquer coisa. O olhar para si significa perceber o próprio corpo e os cuidados básicos que ele demanda. Quem tem vulva precisa ter uma rotina com ginecologista e compreender a anatomia do órgão. Pessoas com pênis, por sua vez, precisam ter ciência da higiene básica necessária e procurar um urologista. O câncer de pênis, por exemplo, é o único prevenível com água e sabão. Homens trans e pessoas transmasculinas que usam binder (as faixas que apertam os seios, reduzindo volume) e mulheres trans que aquendam (prática de esconder o volume da virilha do pênis e testículos para que não sejam visíveis através da roupa) devem pensar em redução de danos, junto com profissionais como mastologistas, no caso dos homens trans e pessoas transmasculinas. Depois de olhar para si, para o próprio corpo, e entender quais cuidados básicos ele demanda, enxerguemos o outro, compreendendo que ISTs não têm cara  e todos devemos nos proteger. Assim, com conhecimento e ações práticas evitamos infecções e vivemos nossas sexualidades sem culpa e neuroses. 


Acompanhe o projeto

Ficou com alguma dúvida? Confira as lives e acompanhe o Fonatrans nas redes sociais! 

Live 1 - HIV e Aids no Brasil com Karina Amorim

Live 2 - PEP e PrEP com Ludymilla Santiago 

Live 3 - Ploc Ploc com saúde é mais odara (prevenção ao HIV e ISTs) com Milka Freitas


**Este projeto é uma parceria do Fórum Black Trans Brazil - Fonatrans com o Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, com recursos do projeto BRA 15/004 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

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