Lingerie para mulheres trans: as dificuldades de encontrar o produto certo

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A partir dos 16 anos, quando começou sua transição de gênero, a assessora de imprensa Mirela Guimarães, 19, se virava para esconder o volume, ou “aquendar a neca”, na gíria conhecida entre transexuais e travestis: “Não ia à praia ou usava até quatro calcinhas femininas, o que machucava muito”, conta ela. Hoje, ela até posa de biquínis para fotos sem constrangimento.

Arquivo pessoal

Encontrar lingerie para este público é tarefa árdua, segundo quem procura o produto. Não é qualquer modelo que cai bem e as lojas tradicionais não costumam atender esse nicho. A calcinha para mulheres trans é mais larga no fundo e atrás, para esconder o volume do pênis. E o material não pode ser de algodão, mas de lycra de praia, cirré ou vinil, que são mais resistentes. Segundo as usuárias, essas peças são encontradas somente na internet.

Foi na rede que a empresária Sandy Mel encontrou suas clientes. “Você coloca o 'passarinho' para trás e vem com a calcinha, que segura totalmente”, ensina ela, que usa o próprio produto.
Performer há cinco anos, Sandy Mel costurava a lateral de um biquíni comum para reforçar a peça e se apresentar com segurança. Quando ia à praia, usava até três calcinhas. “Tem gente que coloca fita para ir à praia ou academia e fica até 8 horas sem urinar”. Quando conheceu esse modelo, passou a revender o material há três anos e hoje tem a própria confecção. Ela manda produtos para Europa e Estados Unidos, e suas calcinhas podem ser encontradas por R$ 20. Neste ano, ela já vendeu mais de 1,5 mil.

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O ateliê Dani Bell Moda Trans entrou no mercado há cinco anos e hoje vende até 2,5 mil calcinhas por mês, no Brasil, Estados Unidos e Europa. As peças têm preço variado, a partir de R$ 18. A dona, que empresta o nome à marca, atuava na confecção de lingerie para mulheres quando uma cliente trans pediu que adaptasse uma peça.

“O mercado de lingerie para mulheres trans é muito restrito. Elas não encontram essas peças em lojas convencionais e precisam buscar na internet e lojas especializadas, o que dificulta muito”, analisa Dani.

Arquivo Pessoal

Foi o que aconteceu com a empresária Alexia Martini, 29. Ao entrar em lojas tradicionais à procura de peça íntima, percebia “olhares destruidores”. Além deles, tinha que sair dali com mais de duas peças para usar de forma confortável. “E ainda assim ficava desagradável”. Praia só se estivesse deserta, e sem tirar canga ou short.

“Desde quando descobri esse mercado, há dois anos, já colecionei mais de 200 peças”, calcula ela.

Fonte: UOL

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