Primeira Edição do "Trans Fighter" em São Paulo celebrará a Diversidade e Respeito no MMA

Cris Macfer, o primeiro atleta trans masculino do MMA, organiza um evento histórico que promove inclusão e debate sobre questões de gênero.



Cris Macfer, o pioneiro em assumir sua identidade como homem trans no mundo do MMA, está fazendo história mais uma vez ao organizar o primeiro "Trans Fighter," um evento de artes marciais mistas (MMA) que destaca a participação de atletas transgêneros brasileiros. Com a competição marcada para novembro deste ano na cidade de São Paulo, já são confirmadas seis empolgantes lutas.

A realização do "Trans Fighter" é muito mais do que um torneio esportivo; é um evento que visa celebrar o respeito, disciplina e inclusão, princípios fundamentais das artes marciais. Além disso, Cris Macfer deseja fomentar a reflexão e o debate sobre as complexas questões de gênero na sociedade atual.

Com um impressionante histórico esportivo, incluindo três títulos mundiais e dois brasileiros em hapkidô, bem como dois campeonatos mundiais de jiu-jitsu, Cris Macfer encontrou nas artes marciais um caminho para o autodescobrimento e enfrentamento do preconceito. Nascido em Minas Gerais em 1993, Cris iniciou sua carreira no MMA feminino em 2013, antes de se identificar como homem trans em 2015.



Em seus primeiros contatos com o MMA, Cris considerou o esporte violento e egocêntrico. No entanto, ele viu a oportunidade de trazer a elegância das artes marciais para o octógono, enfatizando o respeito pelo adversário. Ele queria que as pessoas vissem suas lutas como uma manifestação de beleza e respeito.

Após sua transição, Cris dedicou anos ao estudo das questões de gênero e, em 2018, tornou-se o primeiro atleta trans masculino do MMA a se assumir publicamente. No entanto, enfrentou o desafio da persistência do machismo na comunidade esportiva, continuando a ser tratado como mulher, mesmo após sua corajosa revelação. Decidiu, então, deixar a categoria feminina do MMA antes de iniciar os tratamentos e cirurgias de transição, incluindo a remoção dos seios em 2022.

Embora o MMA permita que atletas transgêneros compitam de acordo com sua identidade de gênero, Cris optou por criar uma categoria específica para pessoas trans, dando origem ao "Trans Fighter." Inicialmente, o evento atraiu 40 atletas, mas críticas de alguns membros da comunidade LGBTQIA+ alegando que o evento era segregador reduziram o número de participantes. A primeira edição do "Trans Fighter" ocorrerá no último fim de semana de novembro, na zona norte de São Paulo, com os detalhes exatos do local de pesagem e octógono ainda a serem divulgados.



As categorias do "Trans Fighter" foram divididas em T1, T2 e T3, levando em consideração o estágio do tratamento hormonal dos participantes, ou a ausência deste. Cris Macfer acredita que o evento será uma oportunidade única para mostrar que o "Trans Fighter" vai além de um torneio esportivo, sendo uma plataforma para promover a inclusão e o respeito em um esporte que ele ama.

A inspiração de Cris para ingressar nas artes marciais surgiu de uma briga com seu irmão caçula, que o desafiou a respeitá-lo após a separação dos pais. Determinado a demonstrar o verdadeiro significado das artes marciais, Crislayne, como era conhecido na época, ingressou no mundo das lutas aos 13 anos.

A trajetória de Cris Macfer é uma jornada de superação e perseverança, e o "Trans Fighter" é o próximo capítulo em sua missão de promover inclusão, respeito e compreensão nas artes marciais e na sociedade em geral. O evento está destinado a ser um marco na história do esporte e da igualdade de gênero, demonstrando que o MMA pode ser um campo de competição onde todos são bem-vindos, independentemente de sua identidade de gênero.

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