Mãe se torna advogada para defender direitos de filha trans

 

Cansada de ver a filha sofrendo discriminações, Katie entrou para a faculdade de direito, e desde então atua em prol da comunidade LGBTQIA+




A mãe americana Katie Jenifer, 49, costumava ficar frustrada ao ver sua filha Maddie, uma menina trans, sofrer preconceito por sua identidade de gênero. Ela então resolveu estudar direito e se tornar advogada, para que pudesse lutar pelos direitos da filha. 

Em entrevista ao Washington Post, Katie contou que Maddie, que atualmente tem 14 anos, já se sentia diferente desde muito nova. Aos 2 anos, ela gostava de usar as fantasias de princesa da irmã e, aos 4, dizia repetidamente aos pais que não queria sair de casa vestida como um menino. “Ela dizia que Deus cometeu um erro e que ela deveria ser uma menina”, disse a mãe. Foi nessa época que Katie percebeu que a filha estava ficando deprimida.

Maddie então começou a fazer terapia e, cerca de dois anos depois, iniciou sua transição. “Por mais estressante que fosse me preocupar com o que as pessoas iriam dizer ou fazer com ela, a mudança foi tão profunda que realmente tornou nossas vidas mais fáceis. O fato de ela poder afirmar quem realmente era fez toda a diferença”, avaliou a mãe. Apesar de se sentir bem consigo mesma, a transição fez com que Maddie muitas vezes se sentisse discriminada ou excluída.

Katie lembra que a filha chegou a ser removida do time de softball da escola por “desafiar a política de gênero”, além de ser impedida de praticar algumas atividades escolares consideradas “de meninas”. Foi então que ela percebeu que a filha precisaria de um advogado. Ao invés de contratar um, a mãe resolveu estudar direito para que ela mesma pudesse defender Maddie. “Ela provavelmente precisará de apoio jurídico ao longo de sua vida e vai precisar de alguém para lutar por ela nessas frentes jurídicas, e quem melhor para lutar por ela do que a própria mãe dela?", declarou Katie.

A ideia surgiu durante um jantar de família, e seu marido e a filha a apoiaram imediatamente. A mãe então começou a e estudar para entrar na faculdade e, em 2017, foi aceita. “Lembro-me de quando ela recebeu o email dizendo que havia sido aceita, ela apenas leu e chorou”, lembrou Maddie, que tinha 10 anos na época.

Desde que entrou na faculdade, Katie se juntou a duas associações que lutam pelos direitos LGBTQIA+. “Eu sou uma mãe ursa e defenderei ferozmente meus filhos e todas as crianças LGBTQIA+ por aí, como se eu fosse mãe ursa deles também”, declarou ela. Katie se formou em 2020 e, desde então, atua principalmente em casos que envolvem pessoas trans.

De acordo com o Washington Post, em abril, Katie e sua filha compareceram perante a um tribunal, na Carolina do Norte, para testemunhar contra um projeto de lei que proibiria os alunos trans de competirem em equipes esportivas escolares que correspondessem às suas identidades de gênero. “Isso é algo que todos deveriam ser capazes de fazer - praticar esportes com seus amigos”, disse Maddie. O projeto foi anulado após a audiência, e a mãe disse que vai fazer tudo que estiver ao seu alcance para que leis como essa não sejam mais consideradas. “É exatamente por isso que eu queria me tornar uma advogada”, declarou Katie.

Fonte: Revista Crescer

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