Indiciamento por Feminicídio e Transfobia em Belo Horizonte


 Dois atendentes de um estabelecimento comercial, localizado no bairro Savassi, em Belo Horizonte (MG), foram indiciados pela morte de Alice Martins Alves, uma mulher trans de 33 anos. A informação foi confirmada pela Polícia Civil de Minas Gerais após a conclusão do inquérito.

O Caso

Suspeitos: Os dois homens, de 20 e 27 anos, tiveram a identidade preservada. O mais velho possuía antecedentes criminais por roubo e uso de entorpecentes.

Acusação: Ambos foram indiciados pelo crime de feminicídio. A investigação técnica apontou que as agressões, ocorridas em 23 de outubro, foram a causa da morte de Alice, que faleceu em 9 de novembro.

Prisão: A Polícia Civil solicitou novamente a prisão preventiva dos funcionários da lanchonete Rei do Pastel, visto que um pedido anterior, em 14 de novembro, havia sido negado pela Justiça.

Motivação

A investigação inicial apontou uma dívida de apenas R$ 22 como ponto de partida para o conflito, mas a motivação principal e mais brutal foi a transfobia.

Contexto da Agressão: "Existiu essa motivação transfóbica como pano de fundo para a agressão ter sido de forma mais brutal," afirmou a delegada Iara França Camargos. A dívida não paga por Alice renderia ao atendente de 27 anos, que a serviu, apenas R$ 2,10.

Autoria: A delegada enfatizou que a agressão foi um ato autônomo dos dois funcionários, não havendo indícios de envolvimento, omissão ou consentimento de outros empregados, gerentes ou proprietários do local.

Liderança e Mentiras: O suspeito de 27 anos é apontado como quem comandou as agressões. Ambos reconheceram suas vozes em um áudio que capturou a discussão perto do bar, mas alegaram que Alice se machucou sozinha ao tentar fugir e cair. A Polícia desmentiu essa versão.

Atendimento Médico Questionado

A Polícia Civil acionou o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) para investigar uma possível negligência nos atendimentos de saúde que Alice recebeu antes de seu falecimento.

Cronologia: Segundo a família, Alice foi levada a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), medicada e liberada. Três dias depois, buscou o Hospital Unimed, onde recebeu mais medicamentos e foi indicada para uma cirurgia no nariz. Ela retornou ao hospital em 7 de novembro, ficando internada até o dia da sua morte, em 9 de novembro.

O estabelecimento comercial, Rei do Pastel, havia divulgado uma nota de solidariedade à família de Alice, afirmando que aguardava o resultado das investigações. A Unimed-BH, por sua vez, garantiu que Alice recebeu assistência adequada.

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