Atriz revela arrependimento por papel Trans de novela icônica após 12 anos: "Não aceitaria hoje"

Há 12 anos, em 22 de agosto de 2011, estreava a novela "Fina Estampa", um estrondoso sucesso da Globo assinado por Aguinaldo Silva. Contudo, um dos destaques da trama, a atriz Luciana Paes, que interpretou Fabrícia, agora revela um profundo arrependimento pelo papel que a projetou. Em uma entrevista exclusiva ao jornal Extra, Luciana expressou que, diante dos avanços sociais e culturais, não aceitaria o papel nos dias de hoje.

Na trama, Luciana Paes deu vida a Fabrícia, uma das "maridas" da Marido de Aluguel, a empresa criada por Griselda (Lilia Cabral) após ganhar na loteria. Um segredo envolvia sua personagem: Fabrícia era uma mulher transexual. A novela, embora tenha proporcionado à atriz uma entrada notável na emissora, agora é vista por ela como um equívoco à luz das mudanças sociais recentes.

A atriz, reconhecendo a evolução da sociedade e o entendimento mais aprofundado das questões de representação, destacou que interpretar uma mulher trans sendo cisgênero não é mais apropriado. Luciana Paes enfatizou que, nos dias de hoje, tal papel deveria ser confiado a uma atriz trans, a fim de garantir uma representação mais autêntica e inclusiva.

"A TV se transformou consideravelmente desde então. Por essa razão, eu não aceitaria esse papel hoje. Ao mesmo tempo, a própria TV não escolheria um ator/atriz não trans para retratar uma pessoa trans. Os tempos realmente mudaram", afirmou Luciana.

A reprise da novela trouxe Fabrícia de volta às telas, o que levou a atriz a refletir mais profundamente sobre a responsabilidade da representação na televisão. Luciana Paes compartilhou que a argumentação de que atrizes cis interpretando personagens trans ocupam espaços que deveriam ser ocupados por pessoas trans é extremamente válida, o que a fez reavaliar suas escolhas passadas.

Em uma análise crítica da trama, é notável como a abordagem da personagem Fabrícia levantou questionamentos sobre sua representação na época. A revelação do segredo de Fabrícia, em tom de chacota, contrasta fortemente com as normas e expectativas atuais para representações respeitosas e autênticas.

A história de Luciana Paes ecoa uma tendência maior de conscientização e sensibilidade em relação à representação na mídia. Ainda mais relevante é que outros atores, como Silvero Pereira, que interpretou Elis Miranda em "A Força do Querer", também expressaram arrependimentos semelhantes por assumir papéis de personagens trans.

À medida que a televisão evolui para uma narrativa mais inclusiva e representativa, é evidente que os padrões estão mudando. A indústria está se voltando para atores trans para retratar personagens trans, proporcionando uma perspectiva mais autêntica e responsável.

Embora tenham existido progressos, é claro que há um longo caminho a percorrer para garantir que todas as identidades sejam adequadamente representadas na tela, respeitando a diversidade e a complexidade da experiência humana. As vozes de atores como Luciana Paes e Silvero Pereira ecoam não apenas como arrependimentos, mas como chamados para uma representação mais genuína e inclusiva nas produções audiovisuais.

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