A secretária nacional do Ministério da Família fez uma turnê disfarçada de férias para se encontrar com grupos na Espanha, Ucrânia e Alemanha que defendem escola segregada e leis anti-aborto
O governo Bolsonaro, por meio de sua diplomacia e relações exteriores, tem investido na relação com grupos e políticos da extrema-direita na Europa que são assumidamente anti-LGBT, negacionistas e “defensores das crianças”.
Segundo levantamento do jornalista Jamil Chade, uma das pastas responsáveis por tal articulação é o Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos.
A secretária nacional da pasta comandada por Damares Alves, Ângela Gandra, fez uma recente turnê pela Ucrânia, Portugal e Espanha. Em todos estes países se encontrou com grupos fundamentalistas que tentam aumentar o seu poder de influência na política local e internacional.
Entre os dias 2 e 12 de setembro, apesar de oficialmente “estar de férias”, Gandra divulgou em suas redes sociais a sua participação, Kiev (capital da Ucrânia), no evento Prayer Breakfest, que começou nos EUA em 1935 e é composto por políticos da extrema direita e parte da elite que apoia a agenda anti-LGBT.
O grupo ganhou notoriedade como documentário da Netflix “The Family”, que revela o poder do grupo e o seu lema: “Uma diplomacia cristã invisível”.
O evento realizado na capital da Ucrânia foi liderado por Pavlo Unguryan que, quando deputado apresentou vários projetos de lei para “banir a propaganda homossexual”.
Além disso, Unguryan atua em parceria com a Aliança Ucrânia pela Família e tem relação com a extrema direita fundamentalista dos EUA.
Opus Dei
Já em sua passagem pela Espanha, Gandra se encontrou com Andrés Ollero, membro do Tribunal Constitucional da Espanha, o magistrado defende pautas anti-aborto e defende a educação segregada.
“Falar em matrimônio homossexual não faz sentido algum em termo jurídicos, é algo inconcebível. Está sendo imposta, a partir do poder, uma opção moral e com tal medida somente se aspira que a sociedade deixe de considerar determinadas condutas íntimas – despidas de qualquer relevância jurídica – como imorais”, defende Ollero.
Estreitando relações com a extrema direita alemã
Enquanto a secretária nacional do Ministério da Família se encontrava com fundamentalistas na Espanha e na Ucrânia, a ministra Damares Alves recebeu a jornalista alemã Vichy Richter.
A jornalista é integrante do grupo Querdenken, movimento negacionista e antivacina que atualmente é investigado por conta de suas inclinações nazistas.
Além disso, ela é cofundadora, com Markus Haintz, do dieBasis, um partido que nega a existência da pandemia e, a partir das redes, espalha teses conspiratórias.
Entre os dias 6 e 9 de setembro, a Richter se encontrou com Damares Alves, o presidente Jair Bolsonaro, o deputado e filho do presidente Eduardo Bolsonaro e a deputada Bia Kicis.
Na conversa a pauta foi a “erotização das crianças por meio de música, arte, cinema e festas populares”.
O encontro do presidente Bolsonaro e da ministra Damares se deu algumas semanas depois em que eles recepcionaram integrantes da AfD (Alternativa para Alemanha), partido de extrema direita e nazista, que também é investigado pela inteligência alemã.
Fonte: Revista Fórum
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