PICOS | “O Brasil é o país que mais mata trans no mundo”, afirma Jovanna Cardoso



“O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. Estamos piores que a África. Somos piores do que os países do Oriente Médio. Então a sociedade precisa aprender que travestis e transexuais são seres humanos, pagam impostos, votam e lutam para que tenhamos um Brasil decente e igualitário para todos nós. Precisamos reafirmar para sociedade que o Brasil precisa perder esse título de país que mais mata pessoas trans, porque isso mancha a imagem do Brasil diante do mundo. Deixa a sociedade brasileira posta, mundialmente, como a sociedade mais intolerante do planeta”, declarou a coordenadora dos Direitos Humanos de Picos, Jovanna Cardoso.


A coordenadora fez a afirmação relembrando que amanhã, 29 de janeiro, é considerado o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Ela mencionou ainda que o grupo picoense, em parceria com a Prefeitura de Oeiras, estará realizando uma capacitação para algumas mulheres da cidade, com a finalidade de que se expanda a necessidade do respeito entre gêneros.
“Amanhã, dia 29 de Janeiro, é o Dia Nacional da Visibilidade Trans, e o movimento LGBT de Picos, para comemorar essa data, fará, na cidade de Oeiras, uma oficina de capacitação e sensibilização de pessoas, em especial mulheres da sociedade, para o respeito à identidade de gênero das travestis. Nosso intuito é sensibilizá-las para a questão do uso do banheiro, bem como prevenir o feminicídio e todas as formas de violência contra a mulher, porque, na verdade, violência contra as pessoas travestis e transexuais também é violência contra a mulher”, disse ela.
O evento, que vai acontecer no auditório da Secretaria de Cultura de Oeiras, a partir das 08h00, será mantido no formato “roda de conversa” para 50 mulheres já previamente inscritas. A capacitação é uma parceria entre o Grupo Guaribas de Livre Orientação Sexual LGBT de Picos e o Movimento Bem Maior, do empresário e apresentador global Luciano Hulk.
Jovana Cardoso analisou ainda dados referentes aos assassinatos de travestis e transexuais em 2019. De acordo com ela, cerca de 180 travestis e transexuais foram assassinados no Brasil e em 2020 já há dados elevados nesse primeiro mês, pois mais de 20 casos já foram registrados no Brasil.
Apresentação onde uma trans representou os sofrimentos vividos na Parada da Igualdade de Picos

Redesignação sexual
A coordenadora de Direitos Humanos de Picos falou ainda sobre o processo de redesignação sexual, que é quando a mulher ou homem opta pela cirurgia de retirada de suas partes íntimas de nascença para aquelas socialmente associadas ao gênero em que essas pessoas se reconhecem.
“Essa é uma cirurgia que vem acontecendo nos polos onde têm os ambulatórios preparados para ela, que é realizada em pessoas travestis e transexuais. As cidades são Recife-PE, São Paulo-SP, Vitória-ES, Rio de Janeiro-RJ, também no Rio Grande do Sul e em Goiânia-GO. Vale ressaltar que ninguém muda de sexo, mas que a pessoa faz a redesignação sexual. A fila para conseguir a cirurgia é muito grande e as pessoas esperam cerca de dois anos, pois ainda tem um tratamento anterior à cirurgia, que vai do psicológico ao hormonal, para não ter reações adversas no corpo. É um procedimento que já é feito pelo SUS e reconhecido mundialmente pela Organização Mundial de Saúde”, disse ela.
Jovana lembra ainda que o Supremo Tribunal Federal já reconheceu as travestis e transexuais como pertencentes à identidade feminina e dos homens trans à masculina. “Portanto, qualquer preconceito, qualquer forma de desqualificar, de desenhar, de impedir o acesso dessas pessoas, de inferiorizar diante de suas situações é crime. É considerado racismo no Brasil a partir da decisão do STF que igualou a LGBTfobia a racismo. O STF passa a reconhecer a identidade de pessoas travestis e transexuais, assim como de homens trans no Brasil, deixando a sociedade avisada de que qualquer forma de preconceito a esse segmento social será punida. Também é bom frisar que já temos várias jurisprudências Brasil a fora, onde as travestis e transexuais estão sendo amparados pela lei Maria da Penha”, concluiu.
Fonte: Cidades na Net


Comentários