“Consciente, orientada e já com alguma autonomia”: Artista trans Keyla Brasil recupera de AVC sofrido após cirurgia de redesignação sexual na Tailândia

A artista e ativista trans Keyla Brasil, que ficou conhecida após, em janeiro deste ano, ter invadido o palco do Teatro S. Luiz, em Lisboa, durante uma representação da peça ‘Tudo Sobre A Minha Mãe’, para gritar ‘transfake’, está a recuperar de um AVC isquémico sofrido após uma operação de redesignação de sexo, feita na Tailândia, estando agora “consciente, orientada e já com alguma autonomia”.

A atualização do estado de saúde tem sido relatada nas redes sociais pela associação Transparadise Portugal

“Após admissão no hospital e a realização de diversos exames complementares de diagnóstico, foi identificado o tipo de incidente neurológico e tomadas medidas necessárias, de acordo com as melhores práticas internacionais”, indica associação, que relata que Keyla foi submetida a cirurgia a 9 de setembro.

“A evolução, tanto clínica como imagiológica, monitorizada diariamente, tem sido positiva e, neste momento, a Keyla encontra-se consciente, orientada e já com alguma autonomia nível da alimentação. Como não fala inglês, e os estímulos são muito relevantes nesta fase, mantém-se na Unidade de Cuidados Intensivos, de modo a ter um maior acompanhamento”, continua comunicado, indicando que a artista ainda está em processo de recuperação.

Viajaram até á Tailândia uma advogada e um amigo de Keyla, em “missão humanitária (pro bono) e totalmente voluntária sem qualquer contrapartida financeira”, financiada por angariação de fundos organizada pela Trasparadise e outros grupos de apoio a pessoas LGBTQI+ sendo que estes dois enviados fizeram um “série de diligências de extrema importância”, como reuniões com as embaixadas do Brasil e de Portugal, com advogados e entidades locais.

“Embora a Keyla Brasil esteja em quadro de progressiva melhora, sua luta não se encerra no momento atual, e ainda está distante de uma solução definitiva por sua total recuperação”, explica a associação que ressalva que esta nova etapa é “desafiadora” e requer “atenção e auxílio”.

“É essencial que pesemos no futuro próximo e em todas as implicações do pós-operatório e de sua alta hospitalar”, aponta a Transparadise Paradise, que sublinha que o regresso de Keyla a Portugal ainda não tem “data prevista”, e que colocará “um desafio colossal”. Também é explicado que “ainda é cedo” para afirmar se, após o processo de recuperação, a artista não ficará com sequelas do AVC sofrido.

Keyla Brasil “irá necessitar de um período longo de acompanhamento”, com fisioterapia e terapia da fala, e “não terá autonomia para viver sozinha nos próximos meses”, já que se encontrava em “situação de sem-abrigo, vivendo dentro da sua carrinha”, algo que não se poderá “manter aquando do regresso” a Portugal.

Assim, a associação apela a donativos para ajudar Keyla Brasil nesta fase especialmente delicada, e explica que irá organizar iniciativas com esse objetivo.

Recorde-se que Keyla Brasil chegou a classificar a operação de redesignação social como “um sucesso”, mas 12 dias depois sofreu o AVC que a deixou em estado “extremamente grave”.

Keyla, recorde-se, fez correr tinta na imprensa nacional após ter subido a palco no S. Luiz, interrompendo a peça que estava a decorrer, para gritar “transfake”, em protesto contra a escolha de um ator cisgênero para desempenhar o papel de Lola, uma personagem trans. O encenador da peça, Daniel Gorjão, anunciou depois do protesto que a atriz trans Maria João Vaz passaria a desempenhar o papel na produção, que já incluía também Gaya de Medeiros, atriz trans, no elenco.

Fonte: Executive Digest