É preciso ter ética na prostituição? Jovanna Baby, Presidenta do FONATRANS, responde


Por Jovanna Baby

Sim, é preciso ter ética! Nos últimos dias tem surgido vídeos, fofocas e outras coisas mais à respeito de homens que pagam programas de travestis, sabemos que é uma exploração dos corpos que só encontram esse meio para sua auto sobrevivência. Quase não existe mercado de trabalho no Brasil para travestis que não seja a prostituição. Esses corpos são explorados diariamente nas esquinas, saciam os mais diferentes desejos dos machos feras capitalistas desse Brasil. Jogadores de futebol, atores, deputados, senadores, enfim. Desejos e fetiches é normal, a gente entende e compreende. 

Não é de agora que deparamos com famosos na busca por prazer nos mais diferentes pontos de prostituição de travestis Brasil a fora, morei no Rio de 80 a 2003 e vivi a prostituição por imposição da sociedade e me deparei com presidenciáveis, jogadores, globais, enfim uma gama de homens do alto poderio econômico que tem desejos e fetiches e buscam os corpos travestis nas mais diferentes cidades. 

Esses corpos são submetidos a essa exploração? Sim, mas a ética precisa ser uma realidade também nesse mercado sexual. Expor um famoso pelo fato de fazer programa com uma travesti e ter desejos sexuais por ela, estão fazendo o mesmo que a transfobia nossa de cada dia quer, que é afirmar que é anormal ter desejos por uma travesti. Precisamos entender que, por mais que estejamos tendo nossos corpos explorados, esses clientes nos pagam pra isso e é esse dinheiro que mantêm a nossa vida e a ética precisa ser uma constante para além de preservar essa clientela, também manter o respeito e o sigilo da intimidade particular de cada pessoa. Não coaduno com o que tem saído na mídia nos últimos anos. 

Jovanna Baby foi prostituta de 83 a 93, atravessou o final da Ditadura Militar no Brasil


Ter desejos sexuais e fetiches por uma pessoa trans é normal! Anormal é transformar em mídia sensacionalista e expor a intimidade dessas pessoas, mesmo que essa tenha explorado seu corpo no mercado sexual. 

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