WSL anuncia política de inclusão de atletas transgêneros no surfe

Entidade usará os mesmos parâmetros utilizados desde o ano passado pela ISA (Associação Internacional de Surfe). Australiana foi a única mulher trans a disputar um evento profissional


Principal liga de surfe do mundo, a WSL (Liga Mundial de Surfe) anunciou, neste fim de semana, que lançou a sua política de inclusão de atletas transgêneros em seus eventos. Em entrevista ao site The Inertia, a diretora de esportes da entidade, Jessi Miley-Dyer, afirmou que a WSL utilizará os mesmos parâmetros já adotados pela ISA (Associação Internacional de Surfe) desde o ano passado.

ge procurou a WSL para confirmar a diretriz adotada em relação a atletas do surfe. A nota enviada pela entidade diz o seguinte: “Como um esporte olímpico e com aspirações para que todas as disciplinas da WSL sejam incluídas nas Olimpíadas, a WSL adotou a política da International Surfing Association (ISA) sobre a participação de transgêneros (a “Política de Transgêneros da ISA”). A elegibilidade de um Surfista para competir em um evento masculino ou feminino sob esta Regra estará sujeita ao cumprimento da Política Transgênero da ISA. A WSL está trabalhando para equilibrar a equidade e justiça, e continuaremos avaliando a política nos próximos meses e anos, à medida que mais pesquisas, informações e feedback estiverem disponíveis".

Desde que a ISA lançou o seu programa de inclusão, apenas uma surfista trans participou de um dos seus eventos. A pioneira é a australiana Sasha Jane Lowerson, que é uma mulher trans. Em maio de 2022, inclusive, ela foi campeã do West Coast Suspensions Longboard, divisões open feminino e open logger. A competição aconteceu em Avalon, na Austrália.


- A WSL está trabalhando duro para equilibrar a equidade e a justiça e é importante que uma política esteja em vigor. Reconhecemos que a política pode precisar evoluir com o tempo à medida que recebemos feedback e realizamos novas pesquisas no campo - afirmou Jessi Miley-Dyer ao site The Inertia.


A declaração de Jessi ao site já causou contestação. Em vídeo publicado em uma rede social, a surfista profissional americana Bethany Hamilton criticou o anúncio da chefe de esportes da WSL. Segundo ela, as atletas não foram consultadas e a maioria discorda da inclusão de surfistas trans no esporte. No vídeo, Bethany disse ainda que vai parar de competir caso a política seja realmente adotada.


Entenda os parâmetros adotados pela WSL


Segundo Jessi Miley-Dyer, o programa de inclusão de atletas trans da WSL já está valendo. Assim como na política adotada pela ISA - e por várias outras federações internacionais de outros esportes - as atletas trans femininas precisam manter um nível de testosterona inferior a 5 nmol/L (nanomoles por litro) continuamente nos 12 meses anteriores para tornarem-se elegíveis.


A reportagem do The Inertia afirma ainda que a pressão pela criação de uma política de inclusão na WSL aumentou depois que Sasha Jane Lowerson começou a participar dos eventos chancelados pela ISA. Na entrevista, Miley-Dyer contou que a decisão foi tomada após aval do médico da WSL, Allan Mackillop.


- Estamos em muitas conversas com muitos grupos de partes interessadas no assunto. E reconhecemos que o ISA adotou uma abordagem muito deliberada - comentou ao site The Inertia.


A ideia é que os próprios atletas trans realizem seus exames para apresentarem à WSL.


- A WSL não realizará qualquer tipo de exame para testar nível de testosterona em atletas transgêneros. Caberá aos próprios atletas organizarem os seus testes para apresentarem à nossa diretoria médica para a devida avaliação de elegibilidade - explicou Miley-Dyer.


Outros esportes que permitem atletas trans


O limiar de testosterona estabelecido pela WSL e ISA é o mesmo utilizado pelas Federações Internacionais de Remo e de Tênis em suas políticas de inclusão de atletas trans. Embora muitos esportes olímpicos ainda não tenham nenhuma política oficial, as regras para o surfe podem ser consideradas entre as menos rigorosas lançadas até agora.


O triatlo e o ciclismo, por exemplo, exigem que os atletas transgêneros testem abaixo de 2,5 nmol/L por 24 meses para serem elegíveis. O atletismo está propondo usar a mesma abordagem. Já a Federação Internacional de Natação e a World Rugby implementaram políticas que essencialmente proíbem as mulheres trans de competir em uma divisão feminina.


Fonte G1 Esportes

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