O Brasil segue pelo décimo terceiro ano consecutivo como o lugar mais perigoso para uma pessoa transsexual viver. Pelo menos 125 travestis, homens e mulheres trans foram assassinadas devido a sua identidade de gênero entre outubro de 2020 e setembro de 2021 no Brasil. Os dados são do projeto Transrespect versus Transphobia Worldwide (TvT) da ong Transgender Europe (TGEU).
No período, 33% dos assassinatos de pessoas trans que ocorreram no mundo foram no Brasil, com 125 casos. Quase o dobro do segundo colocado - o México - com 65 registros. Mundialmente, foram 375 ocorrências, 7% a mais que na atualização de 2020.
Mulheres foram as principais vítimas
As mulheres trans e travestis foram vítimas de 96% dos assassinatos registrados pelo levantamento. 38% das mortes foram cometidas com armas de fogo e 20% por esfaqueamento. 58% das pessoas trans assassinadas eram profissionais do sexo. A pesquisa destaca também as demonstrações de ódios nos crimes.
Um exemplo da crueldade que a comunidade trans enfrenta foi o assassinato brutal de uma travesti de 35 anos, em Campinas, no estado de São Paulo. Kelly (apenas o primeiro nome social da vítima foi divulgado) foi morta e teve o coração arrancado. "Ele era um demônio, eu arranquei o coração dele. Não era meu conhecido. Conheci ele à meia-noite", confessou Caio Santos de Oliveira, preso pelo assassinato, enquanto sorria, em frente à 2ª Delegacia Seccional de Campinas.
Cenário político pode ter afetado a comunidade
Os projetos querem banir jovens trans dos esportes, limitar uso de banheiros, impedir adoções de crianças e limitar acesso a assistência médica. "Se você torna aceitável a prática da violência, que é o que estão fazendo, as pessoas menos privilegiadas, as mulheres trans negras, acabam sendo afetadas diretamente, resultando em sua morte", comentou Alexandria Webb, militante trans dos Estados Unidos, à revista Híbrida.
No Brasil a situação não é muito diferente. Na mesma semana em que o relatório da TGEU destacou a continuidade do massacre de pessoas trans no Brasil, uma decisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) atingiu em cheio os membros da comunidade LGBTQIA . O Censo Demográfico de 2022 removeu os itens "identidade de gênero" e "orientação sexual", o que torna essa expressiva população invisível para políticas sociais e de saúde. O Ministério Público Federal (MPF) está investigando o caso.
Fonte: Estado de Minas
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