Vogue é estrelada por primeira modelo transgênero e indígena em 120 anos

A capa da Vogue México, na sua edição, surpreendeu. Foi a primeira vez em 120 anos que a revista inseriu uma modelo transgênero indígena em sua magazine, mostrando uma indígena de identidade ‘muxe’, um terceiro gênero culturalmente original nas comunidades de Juchitan, Oaxaca, no sul do país.




Vazquez desconhecia a Vogue até ser convidada para a sessão de fotos ao lado de outras muxes de Oaxaca. “Todo mundo está vendo essa capa, todo mundo está me parabenizando muito. Eu não sei, é difícil expressar essas emoções que estou sentido. Me dá vontade de chorar”, afirmou a modelo ao The Guardian.
A representatividade muxe é bastante importante para a redução do preconceito. “Eu penso que é um passo enorme. Ainda há discriminação, mas não tanto mais e, sem dúvida, muito menos do que se via antes”, declarou a modelo.

Quem são as muxes

Muxe é uma identidade de gênero própria da comunidade de Oaxaca, no México. A comunidade zapoteca, que é majoritariamente indígena, identifica como muxes pessoas que nasceram com o sexo masculino, mas transitam entre a feminilidade e a masculinidade. É um terceiro gênero em que os muxes não são nem homens, nem mulheres.
“Em zapoteca, assim como no inglês, não há gênero gramatical. Há apenas uma forma para todas as pessoas. Por isso muxes nunca tiveram de se perguntar se são mais homem ou mais mulher”, explicou Lukas Avedaño à BBC. Lukas faz parte da comunidade muxe.



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MUXE’ Naa: Érase una vez una tierra llena de magia, filigranas en oro e iguanas, en la que la cálida brisa aún susurra LEYENDAS al oído de los transeúntes. Es aquí donde, desde tiempos INMEMORIALES, comienza la historia del tercer género. En mundo en el que las etiquetas parecen imprescindibles, los #muxes aparecen como esa figura que se rehúsa a ser encasillada. El tercer género tiene un importante rol dentro de la historia #zapoteca y se convierte en la prueba viviente de que la magia ancestral aún camina sobre esta tierras. [LINK EN BIO para ver el artículo completo] — Esta historia es una de dos portadas de #VogueDiciembre para nuestra edición de #México. Cerramos este increíble 2019 celebrando nuestro 20 aniversario con maravillosas portadas de principio a fin. ✨ — En esta ocasión y por primera vez, #VogueMexico y @BritishVogue se han unido en una sesión de moda para celebrar nuestro 20 aniversario. Con talentos mexicanos y británicos, esta colaboración creativa les dio a nuestros equipos la oportunidad de intercambiar culturas e ideas capturadas a través del lente del grandioso fotógrafo británico, #TimWalker, produciendo así una historia conjunta para ambas revistas. ¡No te la pierdas! — 📌Encuentra la edición de #VogueDiciembre el 24 de noviembre en quioscos del aeropuerto, 26 de noviembre en tiendas Vips, el 27 de noviembre en tiendas Sanborns y a partir de #diciembre en todo el país. — Fotografía: #TimWalker Realización: @kphelan123 Texto: @karina_ulloa Producción hecha en colaboración con @britishvogue #Vogue20
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Segundo o antropólogo Stephen Lynn, a relação dos muxes tem pouquíssima ou nenhuma relação com orientação sexual. Muitas se casam com mulheres e tem filhos, enquanto outras mantém parceiros homens. A sexualidade, portanto, não tem conexão com a identidade de gênero.

“Aqui as pessoas valem por seu trabalho e por sua contribuição à comunidade. Não valem pelo seu dinheiro ou pela sua orientação sexual. O que importa é como ajuda a sociedade, e assim se faz para ser aceito”, explicou a socióloga Maria Martinez em entrevista ao Banco Mundial.
As muxes assumem muitas vezes papéis de cuidado de idosos, e de tarefas equivocadamente descritas como ‘femininas‘, especialmente no auxílio ao trabalho manual. Isso se dá majoritariamente porque em Juchitan, principal cidade da comunidade Zapateca no México, segundo antropólogos, a organização social é predominantemente matriarcal – o que faz com que as muches tenham um importante papel no trabalho familiar.
Elas também exerceram importantíssimo papel no resgate de vítimas do território após um terremoto de 8.1 pontos na escala Richter que assolou Juchitán em 2017. A partir desses eventos, inclusive, o respeito e o carinho da comunidade de Oaxaca pelas muxes se intensificou. Anualmente ocorre o ‘Vela’, um festival que celebra o terceiro gênero zapateca.

“Se me dessem a oportunidade de nascer de novo e pudesse escolher nascer mulher ou nascer muxe, escolheria ser muxe. Porque sou feliz assim como sou, sempre”, contou Darina ou Biiniza, uma muxe que tem dois nomes.
Se você quiser conhecer um pouco mais do terceiro gênero zapateca e seu papel em Juchitán, no México, vale a pena conferir esse documentário do The Guardian (em inglês).




Fonte: hypeness

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