Segunda Chamada
estreia nesta terça (8) na Globo com a promessa de combinar emoções com
críticas contundentes, mostrando realidades brasileiras sofridas. É a série
mais política que a emissora lança nos últimos anos, com inclinação à esquerda:
denuncia as injustiças sociais e a precariedade do ensino público e defende o
respeito às minorias. Conservadores sentirão o impacto.
A atração se passa
em uma escola na periferia de São Paulo, num curso noturno na modalidade EJA
(Educação de Jovens e Adultos). Todos os alunos são pessoas que passam
dificuldades na vida e muitas vezes trazem seus problemas para a sala de aula.
As mulheres
enfrentam dramas diretamente ligados ao gênero. A personagem de Nanda Costa, por exemplo, é uma mulher que já
tem três filhos, tenta fazer uma laqueadura na rede pública de saúde e é
impedida. Ela engravida novamente e, desesperada, faz um aborto clandestino.
Passa mal na escola e é socorrida pelas professoras.
Há ainda o caso de
uma ex-presidiária, que busca uma nova chance com a educação, e uma garota de
programa, que quer ser respeitada independentemente da forma com que ganha a
vida.
Já está chamando a
atenção dos telespectadores também, só pelas chamadas na Globo, a trama de
Natasha, vivida pela atriz e rapper Linn da Quebrada. Se trata de uma
mulher trans, que vai enfrentar muito preconceito e agressões por ser quem
é.
Já do lado dos
homens, também há casos bastante tensos. Há um morador de rua que frequenta as
aulas, um rapaz que vende drogas para colegas e professores, e o personagem de
Felipe Simas, que arma um assalto no meio da sala de aula após ser demitido e
ficar desesperado.
As autoras de
Segunda Chamada, Carla Faour e Julia Spadaccini, afirmam que não tiveram
nenhuma restrição da Globo em relação às histórias e que escreveram o que
quiseram e acharam importante destacar. A grande maioria dos casos foram
inspirados em acontecimentos reais, relatados por professoras de EJAs de São
Paulo e do Rio de Janeiro.
Fica claro que a
série se posiciona a favor dessas pessoas em situação de vulnerabilidade, que
cometem erros mas continuam na luta para terem educação e melhorarem de vida.
Mas as autoras afirmam que não levantam bandeiras.
"A gente
aborda vários temas dentro da nossa escola, mas sem julgar. A gente sempre
tentou levar pelo lado humano todas as histórias. Quando um conflito explode, a
gente procura não dar voz só à vitima, ou a um dos lados. Os assuntos são
sempre tratados com muito cuidado. Não é levantar bandeira, é levantar a
discussão", diz Carla Faour.
Além dos dramas dos
alunos, Segunda Chamada explora os casos dos professores, as dificuldades e
problemas que eles têm em casa, como violência doméstica. Acima de tudo, a série pretende
chamar a atenção para as precariedades do sistema público de educação e para a
importância de dar atenção e investimentos a setor. Atores e a direção fazem questão de alfinetar o atual Governo Federal.
"O momento
político que o Brasil enfrenta é de um governo que não leva a educação com a
seriedade que deveria. A série não fala de uma instituição só, fala
principalmente da relação entre professor e aluno, quão importante são as
pontes que os professores criam pros alunos, quantas possibilidades esses
encontros podem gerar e transformar a vida de um ser humano. A gente tá num
país que não valoriza a educação e o professor", diz a diretora Joana
Jabace.
Segunda Chamada irá
ao ar às terças-feiras, após Filhos da Pátria.
Fonte: Notícias da TV
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