![As atrizes Hermila Guedes e Nanda Costa em cena da série Segunda Chamada](https://noticiasdatv.uol.com.br/media/_versions/segunda-chamada-hermila-guedes-nanda-costa-0710_fixed_large.jpg)
Segunda Chamada
estreia nesta terça (8) na Globo com a promessa de combinar emoções com
críticas contundentes, mostrando realidades brasileiras sofridas. É a série
mais política que a emissora lança nos últimos anos, com inclinação à esquerda:
denuncia as injustiças sociais e a precariedade do ensino público e defende o
respeito às minorias. Conservadores sentirão o impacto.
A atração se passa
em uma escola na periferia de São Paulo, num curso noturno na modalidade EJA
(Educação de Jovens e Adultos). Todos os alunos são pessoas que passam
dificuldades na vida e muitas vezes trazem seus problemas para a sala de aula.
As mulheres
enfrentam dramas diretamente ligados ao gênero. A personagem de Nanda Costa, por exemplo, é uma mulher que já
tem três filhos, tenta fazer uma laqueadura na rede pública de saúde e é
impedida. Ela engravida novamente e, desesperada, faz um aborto clandestino.
Passa mal na escola e é socorrida pelas professoras.
Há ainda o caso de
uma ex-presidiária, que busca uma nova chance com a educação, e uma garota de
programa, que quer ser respeitada independentemente da forma com que ganha a
vida.
Já está chamando a
atenção dos telespectadores também, só pelas chamadas na Globo, a trama de
Natasha, vivida pela atriz e rapper Linn da Quebrada. Se trata de uma
mulher trans, que vai enfrentar muito preconceito e agressões por ser quem
é.
![](https://noticiasdatv.uol.com.br/media/uploads/segunda-chamada-linn-da-quebrada-0710.jpg)
Já do lado dos
homens, também há casos bastante tensos. Há um morador de rua que frequenta as
aulas, um rapaz que vende drogas para colegas e professores, e o personagem de
Felipe Simas, que arma um assalto no meio da sala de aula após ser demitido e
ficar desesperado.
As autoras de
Segunda Chamada, Carla Faour e Julia Spadaccini, afirmam que não tiveram
nenhuma restrição da Globo em relação às histórias e que escreveram o que
quiseram e acharam importante destacar. A grande maioria dos casos foram
inspirados em acontecimentos reais, relatados por professoras de EJAs de São
Paulo e do Rio de Janeiro.
Fica claro que a
série se posiciona a favor dessas pessoas em situação de vulnerabilidade, que
cometem erros mas continuam na luta para terem educação e melhorarem de vida.
Mas as autoras afirmam que não levantam bandeiras.
"A gente
aborda vários temas dentro da nossa escola, mas sem julgar. A gente sempre
tentou levar pelo lado humano todas as histórias. Quando um conflito explode, a
gente procura não dar voz só à vitima, ou a um dos lados. Os assuntos são
sempre tratados com muito cuidado. Não é levantar bandeira, é levantar a
discussão", diz Carla Faour.
Além dos dramas dos
alunos, Segunda Chamada explora os casos dos professores, as dificuldades e
problemas que eles têm em casa, como violência doméstica. Acima de tudo, a série pretende
chamar a atenção para as precariedades do sistema público de educação e para a
importância de dar atenção e investimentos a setor. Atores e a direção fazem questão de alfinetar o atual Governo Federal.
"O momento
político que o Brasil enfrenta é de um governo que não leva a educação com a
seriedade que deveria. A série não fala de uma instituição só, fala
principalmente da relação entre professor e aluno, quão importante são as
pontes que os professores criam pros alunos, quantas possibilidades esses
encontros podem gerar e transformar a vida de um ser humano. A gente tá num
país que não valoriza a educação e o professor", diz a diretora Joana
Jabace.
Segunda Chamada irá
ao ar às terças-feiras, após Filhos da Pátria.
Fonte: Notícias da TV
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