Transexual foi torturada e abusada sexualmente por policiais militares, em Goiânia

Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO instaurou processo para cobrar providências. Costureira está presa suspeita de tráfico de drogas.

Mulher mostra braço com lesões após prisão realizada por policiais militares, em Goiânia. (Foto: Comissão de Direitos Humanos/Divulgação)

Uma transexual de 31 anos denuncia ter sido agredida por dois policiais militares durante uma abordagem no último sábado (31), em Goiânia. A advogada dela, Gislane Carvalho, diz, em documento enviado à Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), que a costureira foi “afogada, espancada, amarrada e violentada com um cabo de vassoura”. Ainda segundo a defesa, os policiais teriam ameaçado matar a vítima caso ela denunciasse as agressões.
A reportagem solicitou, às 11h04, um posicionamento da Polícia Militar em relação à denúncia envolvendo PMs, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB-GO decidiu instaurar um processo interno na segunda-feira (2) para cobrar providências dos órgãos da Segurança Pública de Goiás em relação à denúncia. De acordo com o presidente da CDH, Roberto Serra, o caso é “sério”.

“Por ser uma mulher negra e trans, tem o fator homofóbico e preconceituoso. Já enviamos ofícios aos órgãos da Segurança Pública e até ao Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, e vamos cobrar a devida apuração do caso e as providências possíveis”, afirmou.

Segundo a vítima, os policiais “cortaram sua bermuda e enfiaram um pau” nela. Um exame realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) comprovou a existência de lesões no corpo dela, todas causadas por “meio de ação contundente”, de acordo com relatório médico.
Transexual denuncia que foi torturada por policiais militares, em Goiânia. (Foto: Comissão de Direitos Humanos/Divulgação)

Agressões e prisão

De acordo com documento enviado pela advogada à Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO, os policiais militares abordaram a mulher em um shopping da capital. Ela estava com um grupo de pessoas no local, e os policiais começaram a cobrar que elas entregassem drogas e armas. No entanto, segundo a advogada, os PMs não encontraram nada.
Gislane afirma que os policiais militares levaram o grupo para uma casa abandonada, onde praticaram as agressões contra a vítima.
Na casa da mulher, foram encontrados cerca de 10 kg de cocaína. Ela foi presa por tráfico de drogas e encaminhada à Central de Flagrantes. Ao ser questionada, a costureira teria admitido a posse da droga.
Durante audiência de custódia, o juiz João Divino Moreira Silvério determinou a conversão da prisão em flagrante em preventiva e determinou que os órgãos competentes fossem notificados sobre a denúncia de agressão.
Fonte: Gay 1

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