Os resultados dos primeiros seis meses de
implantação da profilaxia foram apresentados durante a Conferência Mundial de
Aids
Considerada
uma estratégia importante para conter o número de novas infecções, a Profilaxia
Pré-Exposição ao HIV (PrEP) começou a ser ofertada pelo Brasil este ano, pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), em 22 cidades de 11 estados brasileiros. Os
resultados desses primeiros seis meses de implantação da PrEP foram
apresentados pelo Ministério da Saúde durante a 22ª Conferência Internacional
de Aids, realizada de 23 a 27 de julho, em Amsterdã (Holanda).
Desde
janeiro de 2018, a profilaxia está disponível gratuitamente para as populações
mais vulneráveis à infecção pelo HIV – gays e outros homens que fazem sexo com
homens (HSH), pessoas trans, trabalhadoras do sexo e casais sorodiferentes.
Entre janeiro e junho de 2018, foram realizadas cerca de 6 mil prescrições de
PrEP e 2.748 pessoas já haviam iniciado a profilaxia em 36 serviços brasileiros,
em 22 cidades. Nesses seis meses, a maioria dos usuários de PrEP foi de gays e
outros homens que fazem sexo com homens (HSH) (78,9%), com menor participação
de mulheres transexuais (1,8%), travestis (0,4%) e homens trans (0,3%). Ainda,
77% das pessoas sob PrEP reportaram ter mais de 12 anos de estudo formal.
“O grande
desafio do Brasil, agora, é ampliar a oferta para que a PrEP chegue às
populações mais vulneráveis ao HIV, como gays e HSH negros e de baixa
escolaridade, pessoas trans e trabalhadoras do sexo. Por isso, vamos
intensificar as ações de divulgação e informação sobre a profilaxia”, destacou
a representante do Ministério da Saúde brasileiro, Adele Benzaken, diretora do
Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites
Virais (DIAHV), durante a sessão satélite “PrEP no Mundo Real: primeiras lições
para ampliação entre populações-chave”, realizada pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), no dia 24 de julho.
“A PrEP é
um estilo de vida e deve ser pensada junto à Prevenção Combinada, o que inclui
também a luta contra a discriminação e a garantia de acesso à saude e à
cidadania por essas populações. Além disso, ela ajuda a colocar as outras
Infecções Sexualmente Transmissíveis na agenda novamente”, complementa.
Na sessão
também participaram representantes de ministérios da saúde de todo o mundo,
pesquisadores e instituições de outros países que dispensam PrEP, como os
Estados Unidos, Vietnã, África do Sul, Quênia e Tailândia. O Brasil é o
primeiro país da América Latina a contar com a profilaxia entre as alternativas
de Prevenção Combinada ao HIV em seu sistema público de saúde.
O Brasil
também apresentou o trabalho “A implementação da PrEP no Programa
Nacional Brasileiro” (em inglês) de autoria da servidora
do Ministério da Saúde Clarissa Barros, que foi selecionado para a apresentação
de pôsteres.
EXPANSÃO
– A partir de julho, a rede de serviços começou a ser ampliada e mais 24
cidades passarão a ofertar a PrEP. Com essa expansão, todos os estados
brasileiros ofertarão a profilaxia e as populações mais vulneráveis à infecção
pelo HIV contarão com um total de 65 serviços de PrEP em 46 cidades. O
investimento inicial foi de R$ 8,6 milhões para aquisição de 3,6 milhões de
comprimidos a fim de atender à demanda pelo período de um ano,
aproximadamente.
A boa
notícia, segundo a representante do Ministério da Saúde, é que em maio a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro para a
comercialização do genérico da PrEP (emtricitabina combinada com fumarato de
tenofovir desoproxila), que será produzido por uma parceria de desenvolvimento
entre o laboratório público de Farmanguinhos, da Fundação Osvaldo Cruz
(Fiocruz), e a indústria Blanver. “Em breve teremos PrEP made in Brazil”,
comemora Benkazen. Segundo a diretora do DIAHV, o Brasil compra cada
frasco do medicamento por 24 dólares. “Esse valor é menor do que na maioria dos
países, e a expectativa é que, com a produção do genérico, possamos pagar ainda
menos trazendo a produção para o país”, explicou.
WORSHOP
ImPrEP –
Grupo de pesquisadores responsáveis pelo Projeto ImPrEP – Valdilea Veloso
(Fiocruz/Brasil), Carlos Cáceres (Universidade Cayetano Heredia/Peru), Hamid
Vega (Clínica Especializada Condesa, Departamento de Saúde Mental do México) e
Cristina Pimenta (Ministério da Saúde/Brasil – promoveram um workshop sobre
implementação da PrEP no contexto de países de renda média e com epidemia
concentrada. Com o título “Preparação e implementação de projetos de
demonstração da PrEP: a experiência do ImPrEP no Brasil, México e Peru”, a atividade
teve o objetivo fornecer subsídios aos participantes para iniciar projetos de
demonstração da PrEP entre HSH e mulheres travestis e transexuais, a partir da
experiência adquirida no desenvolvimento do ImPrEP.
O ImPrEP
- “Implementação da Profilaxia Pré-exposição ao HIV no Brasil, no México
e no Peru” é um projeto iniciado em 2018 que irá avaliar a implementação da
PrEP como estratégia de prevenção nos três países. O Projeto é desenvolvido por
centros de pesquisas vinculados ao Ministérios da Saúde do Brasil, México e
Peru e conta com financiamento da Unitaid.
Fonte: Departamento Nacional de IST/HIV/Aids
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